O setor da construção civil tem apresentado sinais positivos de recuperação, com destaque para o crescimento expressivo nas vendas. De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o primeiro trimestre de 2025 registrou um avanço de 17% nas vendas de imóveis novos, um dado que reflete a confiança do consumidor e a demanda aquecida por habitação.
Apesar desse desempenho promissor, o setor enfrenta um desafio que tem impedido uma expansão mais ampla: a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em patamar elevado, o que dificulta novos lançamentos e afeta a capacidade de investimento das construtoras.
O aumento nas vendas aponta para um mercado imobiliário com forte potencial de crescimento. Parte desse movimento vem da demanda reprimida dos últimos anos, especialmente em regiões urbanas com déficit habitacional relevante. Os consumidores estão aproveitando as condições mais flexíveis de financiamento oferecidas por algumas instituições, além do interesse crescente por imóveis que atendam às novas necessidades pós-pandemia — como espaços para home office, lazer e áreas comuns mais funcionais.
Esse cenário reflete também a retomada da confiança do consumidor e o reconhecimento da construção civil como uma opção sólida de investimento em tempos de instabilidade econômica.
Por outro lado, o ritmo de novos lançamentos permanece tímido. A CBIC destaca que a Selic alta (atualmente acima de 10%) reduz a viabilidade financeira de novos projetos, encarece o crédito imobiliário e torna os financiamentos menos acessíveis tanto para os consumidores quanto para as empresas do setor.
Com o custo do dinheiro elevado, muitas construtoras têm optado por adiar ou reduzir o volume de lançamentos, concentrando esforços em empreendimentos já em andamento ou naqueles com maior potencial de liquidez. Esse cenário cria um descompasso: ao mesmo tempo em que a demanda por imóveis cresce, a oferta não acompanha na mesma proporção.
A construção civil é fortemente sensível às políticas econômicas, especialmente à política monetária. Juros elevados afetam diretamente os financiamentos de longo prazo — base de sustentação do setor imobiliário. Uma eventual redução da Selic poderia destravar novos investimentos, ampliar o acesso ao crédito habitacional e acelerar o ritmo de crescimento da construção civil.
A CBIC também reforça que a redução dos juros não beneficia apenas grandes obras ou construtoras, mas também milhares de pequenas e médias empresas, que compõem grande parte da cadeia produtiva da construção no Brasil.
Mesmo diante de um cenário desafiador do ponto de vista financeiro, a expectativa da CBIC para 2025 é otimista. A combinação de alta demanda, estabilidade nos custos de materiais e incentivos ao crédito pode criar um ambiente propício para expansão, desde que haja melhora nas condições macroeconômicas.
Além disso, o setor segue investindo em tecnologia, sustentabilidade e inovação, buscando aumentar a eficiência das obras e reduzir os impactos de fatores externos, como o encarecimento de insumos e a burocracia regulatória.
A construção civil mostra força ao crescer em vendas, mesmo com os obstáculos impostos pela política de juros altos. O desempenho positivo sinaliza que o setor tem espaço para avançar ainda mais, desde que haja estímulos adequados para destravar o crédito e incentivar os investimentos em novos empreendimentos.
É fundamental que o setor público e a iniciativa privada atuem de forma coordenada para que o crescimento seja sustentável e inclusivo, gerando empregos, moradias e desenvolvimento urbano para o país.
Fonte: CNN Brasil – Construção cresce 17% em vendas, mas Selic trava lançamentos, avalia CBIC